quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Capítulo 26 - Ameaça?

          Quando Elisa voltou de sua viajem, foi para a casa de Helena. As duas se abraçaram tão forte que parecia que não iam mais se soltar. Helena se sentiu muito mais segura quando viu o rosto de Elisa e sentiu que ela estava ali do seu lado. Os pais de Helena tinham preparado um almoço para a volta de Elisa, Helena estava radiante, estava tudo perfeito, até mesmo as implicâncias de Sofia eram insignificantes. Durante uma conversa na mesa, Helena e Elisa se beijaram ,mas nada demais, um simples selinho, e isso foi o suficiente para Sofia rosnar alguns xingamentos e sair da mesa.

          Helena tinha sido tolerante durante todo o almoço, mas, assim que Elisa saiu de sua casa, Helena voltou ao estado intolerante quanto a irmã. Ela subiu as escadas e foi direto ao quarto de Sofia, que estava deitada na cama ouvindo música com fone de ouvido. Helena arrancou o aparelho dos ouvidos da irmã e começou a discutir. Disse que tolerava as provocações que Sofia fazia dirigidas a ela, mas que não engolira em silencio qualquer coisa que dissesse a respeito de Elisa. Sofia tentou retrucar, mas não conseguiu argumentos, e, quando Helena ia saindo, Sofia disse que o Bruno não ia ficar feliz com atitudes assim vindas de Helena.
          Helena gelou de pânico na hora. Sofia começou a rir ao notar isso, o que Ra impossível não fazer, mesmo com a irmã de costas para ela. Helena virou-se e, em um piscar de olhos, esva em cima da irmã com a mão estendida, a ponto de atingi-la na cara. Helena viu medo nos olhos de Sofia, o que fez ela desistir e voltar para seu trajeto.
          Helena se trancou no quarto e ficou pensando se o fato de Bruno estar seguindo ela tinha alguma coisa a ver com Sofia, se era a mando dela ou se...Ela nem sabia mais no que pensar a respeito disso.

Capítulo 25 - Proteção

          Helena seguiu seu caminho na direção ao apartamento de Thaís evitando pensar no que Bruno havia dito, o que era praticamente impossível. Ela queria saber o que ele faria, o que ele estava planejando.
          Depois de andar um pouco, chegou no portão da prédio de Thaís, que veio abrir o portão para ela. Era um prédio antigo, no estilo dos anos 60. Thaís estava diferente, o cabelo tinha perdido o tom avermelhado, o cabelo estava um pouco mais curto, na altura do queixo, estilo Chanel, mas mesmo assim, se mantinha bonita. Estava mais arrumada que o normal, para alguém que está em casa. As duas subiram conversando até o apartamento, nada muito relevante, assuntos do dia a dia, colocando o assunto em dia, afinal, as duas não se conversavam direito deis de a volta de Helena com Elisa.
          Chegando no apartamento, Helena viu dois pés com tênis rosas, e quando entrou, viu uma menina que ela conhecia, de algum lugar, não lembrava de onde. Thaís apresentou as duas, era uma prima dela, seu nome era Giovanna. A menina levantou num salto, abraçou Helena e disse que estava muito feliz em conhecê-la, que sentia falta das conversas delas e tudo e tal. Helena então a reconheceu, principalmente depois de ver as mechas rosa na nuca. Era Gina, a garota do blog.
          Thaís ficou surpresa das duas se conhecerem, Gina era uma prima dela. As três passaram bastante tempo conversando bastante, fizeram um lanche, discutiram idéias e marcaram de ir ao cinema junto. Infelizmente, estava ficando tarde, Helena e Giovanna tinham que voltar para casa. Thaís as levou para o ponto de ônibus mais próximo, e, depois de Gina ter ido embora, Thaís e Helena conversara, um pouco mais, e Helena contou o que havia acontecido no ônibus. Thaís disse para ela evitar andar sozinha e procurar um jeito de se armar, mesmo que com desodorante aerossol e isqueiro. Ela disse que sabia de um lugar onde ela poderia conseguir spray de pimenta, e que, se ela quisesse, ela poderia conseguir. Helena disse que seria bom, mas não levava muita fé que isso adiantaria alguma coisa. Ela já estava pensando no que fazer a respeito disso. Helena então embarcou no ônibus e acenou para Thaís, que fez o mesmo e segui u seu caminho de volta.
          Helena ficou pensando na volta no que poderia fazer para evitar Bruno, pensou logo em uma navalha que tinha em casa, que usava para cortar o cabelo,Pensou em carregá-la na bolsa, mas logo começou a pensar em outras coisas. Talvez um spray de pimenta não fosse má idéia, mas ainda assim, a idéia da navalha não lhe saia da cabeça.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Capítulo 24 - Cuidado!

          O namoro de Helena e Elisa vai de vento em popa, os pais de Helena dão o maior apoio para as duas, a escola vai indo bem, a não ser pelo distanciamento de Thaís, que, de certa forma, já era esperado. Sofia continuava achando o relacionamento da irmã ridículo, mas isso elas tiravam de letra.
          Passado algum tempo, depois das férias de meio de ano, Bruno resolveu aparecer para atormentar a paz que estava a vida de Helena. Começou a rondar a casa, segui-la, mas só quando estava sozinha, não se atrevia a chegar perto de Helena com Elisa por perto. Helena estava a salvo, até que Elisa teve que fazer uma viagem rápida, um fim de semana, para ver seus tios. Ela resistiu um pouco para ir, achava perigoso deixar Helena sozinha com Bruno agindo daquele jeito, mas cedeu após Helena dizer que ficaria tudo bem, que tinha quem a ajudasse na sua ausência.
          No sábado, Helena estava em casa com Sofia, mas preferia ignorar a presença da irmã, logo, estava só. Estava no computador, conseguira uma reaproximação de Thaís, mas não era a mesma coisa de antes, mesmo assim, Thaís a chamou para ir a sua casa. Helena aceitou sem pensar, estava feliz, tinha voltado a falar com sua melhor amiga. Se arrumou, e foi. No caminho, notou estar sendo seguida, olhou para trás, discretamente, e viu ele, não se deixou abater, embora tenha sentido um frio na barriga, continuou seu caminho. Estava com medo, tremia por dentro, mas não deixava isso se transformar em desespero aparente. No ponto de ônibus, ela sentou em uma ponta, Bruno, ao seu lado, mas não disseram nada, ficaram mergulhados em um silencio constrangedor. O único movimento feito por Bruno, foi o de se levantar para entrar no ônibus, o mesmo em que Helena embarcara. A garota pagou a passagem e sentou num banco perto do cobrador, sozinha, se ele tentasse alguma coisa, estaria a vista. Ele se sentou no lado oposto do ônibus, de forma que ela pudesse vê-lo. Ela sentia sua nuca sendo perfurada pelos olhos do rapaz, mas ignorou, fingia ler. De repente, ele sumiu do seu campo de visão, ela o viu se levantar e ir em direção ao fundo, justamente quando o ônibus havia parado. Esperou um pouco e olhou para traz, e lá estava ele, sentado ao lado da porta. Seu coração veio a boca, ela teria que passar por lá de qualquer jeito.
          Quando chegou no ponto que tinha que descer, Helena deu sinal e foi para a porta. Seu coração estava acelerado, a respiração rápida, estava em pânico, agora aparente. Bruno a cutucou com o pé, ela não olhou, mas mesmo assim ele começou a falar, quase num sussurro, disse que tinha destruído com a vida dele, que por causa da denuncia que ela tinha feito, ficou sendo vigiando por um bom tempo. Helena manteve-se quieta, mas ainda em pânico. Ele a cutucou novamente, dessa vez mais forte. Ela virou a cabeça, estava com os olhos arregalados de medo que ele fizesse alguma coisa, mas nesse momento o ônibus parou e a porta abriu, Helena saiu feito um jato, mas ainda pode ouvir o que Bruno havia dito: “Cuidado!”.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Capitulo 23 - Triunfo

Helena passou o resto da tarde preparando as coisas para o jantar, ligou para seus pais e avisou da vinda de Elisa naquela noite, mas ainda não disse nada a respeito do relacionamento que tinha com ela, preferiu deixar para a noite.
          Depois que tudo estava encaminhado e que seus pais haviam chagado, deixou o comando das panelas nas mãos deles e foi se arrumar, tomou um banho e colocou um vestido creme que tinha comprado não havia muito tempo, era bem casual, mas muito bonito. Não colocou nada preto, o seu cabelo, que a esta altura já estava mais castanho do que preto, já bastava, colocou alguns anéis e prendeu uma parte do cabelo numa trança, como vira em um desses sites que dão dicas de beleza.
          Passado todo esse ritual de preparação, desceu para ver o que faltava, seus pais até se assustaram com o modo como helena estava vestida e perguntaram o que tinha de tão especial naquele jantar, mas ela não respondeu, apenas voltou ao comando da cozinha, tomando o cuidado de colocar um avental para não sujar a roupa, enquanto seus pais iam se arrumar. No meio disso tudo, Sofia chega abrindo a porta e se jogando no sofá. Helena, ouvindo o som da porta, vai até a sala e diz para ela ir se arrumar que teriam visita, mas não mencionou que era. Sofia concordou sem muita resistência e subiu para se aprontar. Helena estava radiante com aquilo, mataria dois coelhos numa cajadada só, pois, deixaria de esconder seu relacionamento dos pais e, com isso, evitaria qualquer chantagem futura da parte de Sofia.
          Helena estava na cozinha quando a campainha tocou, seus pais desceram as escadas rapidamente, Sofia desceu colocando brincos e passando o blush, estavam todos bem arrumados, parecia até um grande evento. Helena foi tão feliz para a porta que acabou esquecendo de tirar o avental, o que, por sorte, notou antes de abrir a porta e o fez. Quando, enfim, abriu a porta, lá estava Elisa, linda como sempre, também usando um vestido, só que o dela era um pouco mais curto e rosa bebê. Estava com um salto não muito alto e com uma presilha segurando a franja que já lhe caia sobre os olhos quando solta. Ela estava sorridente também, cumprimentou Helena como se fosse apenas uma amiga, com um beijo na bochecha e um longo abraço. Ao ver Elisa, seus pais sorriram, Sofia ficou chocada, e, vendo essa reação, Helena lhe sorriu com certo ar de triunfo.
          Na hora do jantar, depois de muita conversa, Helena finalmente se sentiu confortável para fazer o anuncio e o fez, nervosíssima, claro, mas segura. Seus pais ficaram surpresos, mas nem tanto, não fizeram nenhuma objeção ou qualquer coisa do tipo, sua mãe apenas disse que se aquilo lhe fazia feliz, ela estava bem. Quem não aceitou aquilo foi Sofia, que protestou, dizendo que as duas juntas era nojento, ridículo e etc., aí si, seus pais tiveram uma reação mais “dura”, mas Helena dominou a situação dizendo que Sofia só não gostava dela e Elisa porque ela tinha inveja da sua felicidade. Sofia então começou a falar barbaridades e a ofender Elisa, que não agüentou quieta, começou a rebater Sofia delicadamente, sem fazer o que a garota fazia, levantar a voz, o que a deixava cada vez mais irritada. Silvia resolveu dar um basta nisso tudo e mandou Sofia subir para seu quarto e ficar lá, a garota ia retrucar, mas ao ver o olhar da mãe, subiu as escadas rapidamente.
          O resto da noite foi ótima, Elisa Helena e seus pais conversaram muito, e o melhor, sem se quere tocarem no assunto do namoro das duas, foi isso que fez Helena ir dormir bem aquela noite.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Capitulo 22 - Volta

          Já faziam duas semanas que Elisa e Helena haviam brigado, elas só se falavam quando era necessário, só o trivial mesmo. Helena ainda não se conformava com a atitude de Elisa, seu único apoio era Thaís, que por sua vez, não sabia o que fazer, tinha sua chance de conquistar Helena, mas não tinha coragem pra fazer nada.
          Elisa também não estava muito bem com toda essa situação, estava triste com aquilo, mas, tomar aquela atitude foi necessário, afinal, se incomodava com o carinho excessivo de Thaís por Helena, mas tinha um bom coração, bom até demais, para abrir mão da sua felicidade para deixar que uma terceira tivesse sua chance.
          Um dia que Helena faltou na escola por ter “perdido a hora”, Thaís resolveu passar lá depois da aula, para ver o que se havia acontecido alguma coisa, e, sem querer, comentou com Elisa, que lhe deu um olhar duro. Thaís pediu desculpa, mas logo Elisa se virou para ela e abriu um sorriso, como se dissesse “tudo bem”, mas logo o fechou e a encostou na parede e disse que era essa sua chance de realizar seu sonho. Disse que no dia seguinte tomaria uma atitude para acabar com o clima ruim que ficara entre ela e Helena se Thaís não fizesse nada. Depois dessa atitude inesperada, Elisa saiu quase correndo, e Thaís pode ver que os seus olhos estavam cheios de água.
          Depois da aula, Thaís foi para casa de Helena pensando no que Elisa tinha dito e tomou uma decisão quando a amiga abriu a porta. Helena estava de cabelo preso, uma camiseta velha de seu pai e um shortinho. Thaís entrou e as duas foram conversando até o quarto, Thaís foi contando como foi o dia na escola e então, quando teve certeza de que a casa estava vazia, segurou Helena pelos pulsos e a beijou. Helena ficou assustada com a ação e empurrou Thaís para trás e começou a fazer mil perguntas como, o que havia acontecido, se ela estava louca e essas coisas. Thaís ouviu tudo de cabeça baixa e sem dizer uma palavra, esperou que Helena se acalmar, e então, levantou a cabeça, com um sorriso molhado pelas lágrimas que lhe escorriam pelo rosto e disse que podia voltar para casa feliz, e que Helena podia retomar sua vida com Elisa em paz que ela não incomodaria mais elas. Helena ficou espantada, o que ela queria dizer com aquilo? Imediatamente pediu desculpas pela forma com que falou, mas foi surpreendida por um abraço apertadíssimo de Thaís, que podia lhe quebrar os ossos se ela colocasse um pouco mais de força, então ouviu uma voz doce e embargada lhe dizer ao pé do ouvido “te amo”, então sentiu seu corpo sendo solto lentamente, e, antes que pudesse dizer alguma coisa, Thaís saiu correndo, abriu a porta e saiu.
          Helena ficou confusa demais, mas, naquele mesmo instante, pegou o telefone e ligou para Elisa, contando tudo o que havia acontecido, e dizendo que não suportava mais ficar longe dela. Elisa disse com a voz falha que também a queria de volta, e então, Helena disse para que viesse a sua casa de noite que a apresentaria a seus pais como namorada, se ela aceitasse voltar. Esse foi o pico, Elisa desabou em lágrimas de felicidade e disse que era claro que voltaria e que estaria na casa de Helena naquela noite. As duas choraram horrores juntas no telefone e quando desligaram, finalmente não teriam que esconder mais nada de ninguém.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Capítulo 21 - Tempo

          Ao levantar-se no dia seguinte, Helena notou que estava nua e foi logo se vestir. Olhou no relógio e saiu correndo, estava atrasada. Pegou uma maça na fruteira e saiu comendo. Pegou o ônibus, sentou-se e finalmente pode respirar e descansar as pernas. Quando se sentou, pode notar a roupa que tinha pego, nada combinava com nada ali, sem contar que estava super estranha, calça xadrez, camiseta listrada e blusa de bolinhas. Tá bom, não era tão assim, mas parecido.
         Helena conseguiu chegar a tempo de entrar na segunda aula, o que foi um alivio, pois tinha prova naquele dia. Quando entrou na sala, foi logo falar com Elisa, para pegar a matéria que tinha perdido e, sem perceber, cumprimentou-a com um selinho. Naquele momento parece que todas as cabeças dos alunos que ali estavam tinham se virado para elas. Helena ficou vermelha na hora, deu uma risadinha desconsertada, sentou-se e ficou parada, dura feito pedra. Elisa se virou, entregou se caderno aberto na página da matéria e apontou o início. Helena agradeceu e começou a copiar a lição mecanicamente. Aquilo tinha a deixado realmente tímida. Achou estranho isso, não tinha vergonha de seu relacionamento, que não era um namoro, mas já era alguma coisa a mais que uma amizade, porem, não contava nada a ninguém, temia a reação das pessoas.
          No intervalo, Elisa e Helena ficaram na sala para estudar pra prova, que seria na aula seguinte, Thaís veio para a sala fazer companhia e estudar também, sua prova seria na aula depois da delas. Elas começaram a ler alguns textos, discutir algumas coisas, até que Elisa finalmente caiu no assunto do beijo da chegada. Helena enrubesceu novamente, Thaís não falou nada, apenas abaixou os olhos. Elisa perguntou por que tinha ficado tão tímida, Helena não soube responder, então Elisa perguntou se Helena tinha vergonha dela, Helena respondeu que não, sem pensar duas vezes. As duas iniciaram uma pequena discussão a respeito disso, Thaís se manteve na sala o tempo todo, lendo alguns textos, fazendo algumas anotações, mas se segurando para não falar nada. Helena achava que Elisa estava indo rápido demais com relação a esse relacionamento, disse que tudo aquilo era novo pra ela, que tinha muito o que descobrir e etc. Elisa ficou um tanto desapontada com isso, dava pra ver isso impresso na sua expressão, então disse para que elas dessem um tempo, mas que continuassem se falando, porém, apenas isso. Neste momento, Helena perdeu o chão e Thaís levantou a cabeça tão rápido que Elisa até se assustou um pouco. Helena ficou parada, olhando para Elisa, como quem diz para não fazer isso. Elas foram interrompidas pelo som do sinal e das pessoas subindo para sala. Elisa pegou seu caderno e se virou, Thais continuou lá, Helena se levantou com a mão no rosto e atravessou a multidão que entrava pela porta. Elisa então pegou um papel, escreveu alguma coisa, entregou a Thaís e disse para que acompanhasse Helena. Thaís pegou o papel e foi abrir para ler, mas Elisa disse para que o fizesse depois, Thaís obedeceu e saiu pela porta.
          Elisa ficou sentada no seu lugar, no meio da sala, abaixou a cabeça, deixando seu cabelo ruivo cair e cobrir seu rosto, não por completo, mas apenas os olhos, isso era suficiente para cobrisse aas lágrimas que lhe enchiam os olhos e escorriam pelo nariz.
          Depois de “socorrer” Helena, Thaís foi para sua sala, sentou-se no seu lugar e abriu o papel que Elisa lhe entregara, e lá estava escrito “Essa é sua chance”

terça-feira, 4 de maio de 2010

Capítulo 20 - Chantagem

          Depois de passar o dia todo no parque com Elisa e a dúvida na cabeça, Helena chegou em casa morta de cansaço. Passou pela sala, onde seus pais assistiam tevê, como de costume. Eles a cumprimentaram, sem nenhuma alteração ou reação diferente do comum. “Ela não deve ter contado” pensou consigo. Subiu as escadas, tomou um banho e saiu enrolada na toalha, como sempre, e foi direto para seu quarto.
          Ao abrir a porta, se deparou com Sofia sentada na sua cama e as gavetas da escrivaninha no chão, todas reviradas. Helena mandou Sofia arrumar toda aquela zona e sair do quarto, esta, por sua vez, não moveu um músculo. Sofia disse que não sairia até que contasse o que estava acontecendo, o que era aquilo que ela tinha visto na cozinha mais cedo. Helena disse que era o que ela estava pensando mesmo, sua irmã estava beijando uma garota. Sofia ameaçou contar isso aos pais, chamou Helena de doente, disse que precisava de tratamentos, enfim. Tudo só cessou quando Silvia deu um grito da sala querendo saber o que estava acontecendo, Helena disse que nada, antes que Sofia se pronunciasse.
          Sofia disse que iria contar para seus pais a respeito de Helena e Elisa a não ser que Helena fizesse “favores” a ela. Helena pegou a irmã pelo braço e a jogou para fora do quarto, disse não ser tão tola e vulnerável para ser atingida com chantagens baratas e desgastadas. Disse que não tinha vergonha do que estava fazendo. Sofia retrucou perguntando por que então não contara para seus pais. Helena se calou, não tinha pensado nisso, já que não tinha medo, por que não contava logo de uma vez e acabava com isso, mas estava receosa da reação que poderiam ter. Helena se perdeu em seus pensamentos e só foi acordar desse transe quando seu pai subiu e a viu segurando Sofia e olhando para o nada. Empurrou a garota, não com muita força, mas o suficiente para afastá-la da porta e conseguir fechá-la sem resistência externa e trancou-a.
          Helena, então, sentou-se na cama, pegou um caderno e começou a escrever algumas coisas, as vezes até desconexas, mas que lhe eram como um desabafo. Dormiu ali, agarrada no caderno, apenas de toalha, no meio da bagunça de seu quarto de seus pensamentos.