terça-feira, 4 de maio de 2010

Capítulo 20 - Chantagem

          Depois de passar o dia todo no parque com Elisa e a dúvida na cabeça, Helena chegou em casa morta de cansaço. Passou pela sala, onde seus pais assistiam tevê, como de costume. Eles a cumprimentaram, sem nenhuma alteração ou reação diferente do comum. “Ela não deve ter contado” pensou consigo. Subiu as escadas, tomou um banho e saiu enrolada na toalha, como sempre, e foi direto para seu quarto.
          Ao abrir a porta, se deparou com Sofia sentada na sua cama e as gavetas da escrivaninha no chão, todas reviradas. Helena mandou Sofia arrumar toda aquela zona e sair do quarto, esta, por sua vez, não moveu um músculo. Sofia disse que não sairia até que contasse o que estava acontecendo, o que era aquilo que ela tinha visto na cozinha mais cedo. Helena disse que era o que ela estava pensando mesmo, sua irmã estava beijando uma garota. Sofia ameaçou contar isso aos pais, chamou Helena de doente, disse que precisava de tratamentos, enfim. Tudo só cessou quando Silvia deu um grito da sala querendo saber o que estava acontecendo, Helena disse que nada, antes que Sofia se pronunciasse.
          Sofia disse que iria contar para seus pais a respeito de Helena e Elisa a não ser que Helena fizesse “favores” a ela. Helena pegou a irmã pelo braço e a jogou para fora do quarto, disse não ser tão tola e vulnerável para ser atingida com chantagens baratas e desgastadas. Disse que não tinha vergonha do que estava fazendo. Sofia retrucou perguntando por que então não contara para seus pais. Helena se calou, não tinha pensado nisso, já que não tinha medo, por que não contava logo de uma vez e acabava com isso, mas estava receosa da reação que poderiam ter. Helena se perdeu em seus pensamentos e só foi acordar desse transe quando seu pai subiu e a viu segurando Sofia e olhando para o nada. Empurrou a garota, não com muita força, mas o suficiente para afastá-la da porta e conseguir fechá-la sem resistência externa e trancou-a.
          Helena, então, sentou-se na cama, pegou um caderno e começou a escrever algumas coisas, as vezes até desconexas, mas que lhe eram como um desabafo. Dormiu ali, agarrada no caderno, apenas de toalha, no meio da bagunça de seu quarto de seus pensamentos.

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